segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

É melhor pegar leve

Fazer academia é bom, mas os adolescentes devem ficar atentos aos riscos da obsessão pelo corpo

Até alguns anos atrás, o adolescente praticava esporte na rua, na escola, no clube ou na área de lazer do condomínio. Cada vez mais, no entanto, o público dessa faixa etária vem se deixando seduzir pelas academias. Na vida de muitos meninos e meninas, freqüentar esses lugares virou atividade corriqueira. Academias já oferecem, inclusive, programas específicos para eles. Os especialistas julgam que esse cultivo do corpo é positivo, porque se trata de um contraponto a práticas como a alimentação à base de fast food e o hábito de gastar horas diante do computador. Mas os jovens devem ficar atentos aos riscos a que estão expostos. Como seu corpo e sua identidade estão em formação, o adolescente é naturalmente inseg
uro com a aparência. E a comparação com os físicos malhados ao redor – em geral de adultos que já completaram o desenvolvimento do corpo – pode aumentar suas angústias. Os garotos querem ficar tão musculosos quanto os veteranos do local. As garotas almejam ter a silhueta esbelta das mulheres. Quando viram obsessão, esses desejos prejudicam a saúde, causam transtornos psíquicos e até levam ao caminho das drogas.

Os jovens estão freqüentando a academia cada vez mais cedo. No caso dos garotos, o chamariz é a musculação. Embora se recomende que esse público dê preferência a esportes como o vôlei e a natação, o exercício de levantar pesos pode ter efeito benéfico, se bem orientado.

O estudante paulistano Octacílio Costa Neto, de 12 anos, é um exemplo. Ele pratica musculação há cinco meses, sob a supervisão de um professor, para corrigir sua postura. "Já sinto a diferença", diz Neto. Mas a musculação na adolescência deve ser vista com cautela. Quando observam os mais crescidos pegarem pesado nos halteres, muitos tendem a imitá-los – e isso pode ter conseqüências graves. A prática precoce pode prejudicar o crescimento do adolescente. "Há riscos de lesões e de atrofia dos músculos", diz o professor de educação física Mauro Celio do Carmo, da academia paulistana Fórmula.

Ao freqüentarem esses ambientes de culto ao físico, os adolescentes têm de tomar cuidado para não entrar numa espiral de neuroses. Os garotos que praticam musculação são suscetíveis a um transtorno psíquico conhecido como vigorexia. Apesar de musculoso, o rapaz se olha no espelho e acha que está flácido. Isso leva ao ganho exagerado de massa muscular e à tentação dos anabolizantes. O contrário disso – a obsessão de perder peso – não é um perigo menor. Uma pesquisa do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo mostrou que, num universo de 588 jovens de 11 a 18 anos, 47% tinham feito dieta mais de oito vezes. "Quase 5% deles recorreram a métodos nada ortodoxos para perder peso, como o uso de laxantes e diuréticos e o vômito auto-induzido", diz a psicanalista Mara Cristina de Lucia, que coordenou o estudo. As meninas são as maiores vítimas da obsessão pela magreza. No caso das garotas que freqüentam academia, gastar mais tempo que o recomendável na esteira pode ser um indício de que a preocupação passou dos limites. Num extremo – e aí já se trata de distúrbios que requerem apoio de terapia –, a fixação pode levar a males como a anoxeria e a bulimia. Não custa lembrar: preocupar-se com o corpo faz bem, mas é melhor pegar leve.

Sedentário, eu?
Com a popularização do uso da internet, acrescentou-se um novo fator de risco à saúde dos adolescentes: o hábito de passar horas no computador, com postura relaxada. Se não tomar cuidado, o jovem estará plantando aí as sementes das dores do futuro. Sentar-se de forma incorreta pode causar dores e desvios de coluna, além de tendinite – inflamação dos tendões causada principalmente pela utilização repetida do mouse. Deve-se ainda fazer intervalos a cada quarenta minutos diante do monitor, para evitar problemas como a vista cansada e a miopia. O computador não é o único vilão nessa história. Os males do sedentarismo, vale lembrar, começam com a alimentação deficiente. Por exemplo: ao trocar verduras e derivados de leite pelo apelo dos salgadinhos e hambúrgueres, o adolescente pode prejudicar o desenvolvimento dos ossos. "A boa nutrição nessa fase da vida ajudará a prevenir doenças como a osteoporose no futuro", diz o reumatologista José Goldenberg, da Universidade Federal de São Paulo.

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